Sexta-feira, 31 de Outubro de 2008

...

 

A liberdade, pairava-o em breves momentos, tornando sublime o pormenor.
O momento sem tempo ou espaço, onde o filho o fita com amor um ultimo instante, antes de cerrar as janelas da alma e deixar-se levar por Morfeu, que o afasta da escuridão do quarto para prados de sonhos azuis.
Olha o filho a dormir, segurando a espada de luz jedi, Skywalker, tão Luke quanto ele, deixando-se flutuar, na beira da cama, olhando aquele ser, seu filho, seu maior sentimento de amor. Nesse momento, pensa, pensa que não sente mais a harmonia das horas, um dia juradas eternas, felizes. O galanteio do puro gesto se ocultou algures no tempo, sempre o tempo, mas não se recorda mais do tempo. Com medo, sabe como batem as ondas de dor, a recusa, o esforço em manter uma sintonia, que se desvanece. Apenas o seu bailarino no justo sono cresce, e por ele vai resistindo, à falaz capitulação.
 
 
Texto escrito para o sétimo jogo de palavras do Eremitério
 
música: Jorge Palma-Frágil
publicado por Jorge Santos às 22:58
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Quinta-feira, 30 de Outubro de 2008

OS AMIGOS

Amigos, cento e dez, ou talvez mais

Eu já contei.Vaidades que sentia:

Supus que sobre a terra não havia

Mais ditoso mortal entre os mortais!

 

 

Amigos, cento e dez, tão serviçais

Tão zelosos das leis da cortesia,

Que já farto de os ver me escapulia

Às suas curvaturas vertebrais.

 

 

Um dia adoeci profundamente:

Ceguei. Dos cento e dez houve um somente

Que não desfez os laços quase rotos.

 

 

Que vamos nós (diziam) lá fazer?

Se ele está cego não nos pode ver!...

Que cento e dez impávidos marotos.

 

 

 

                                                              Camilo Castelo Branco 

música: you cant always get what you want
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publicado por Jorge Santos às 16:35
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Segunda-feira, 27 de Outubro de 2008

VIDA

 

Vidas, encontros, desencontros, uns e outros, cruzamentos, linhas perpendiculares, Linhas paralelas, felicidades, tédios, aconchegos, desassossegos, luz, harmonia, para no fim a capitulação encher de escuridão os que eternos se desejaram amantes.
Amante é quem exprime o maravilhoso acto de liberdade, como um bailarino rodopiando num “pas de deux” feito acto de amor com a sua bailarina. Amantes, são, quem souber ser, além de um sentimento, um irradiar de cor, em não perfeita, mas cúmplice sintonia, não sem esforço, onde cada gesto, por mais ínfimo que possa parecer, tenha sempre um superior valor, a qualquer galanteio, puramente plástico e falaz.
 
Texto escrito para o 7º jogo das 12 palavras do Eremitério
 
música: Max Steiner, As Time Goes By
publicado por Jorge Santos às 13:54
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Segunda-feira, 20 de Outubro de 2008

VIAGEM

 

Desde muito novo, teve a certeza, quase, se não mesmo pura, que o deslocamento, a mudança do espaço físico, em períodos, ciclos de tempo, na forma de viagens, iriam ser, o factor determinante e predominante, enquanto o seu momento existencial durasse.
Não sabe se a vida foi acontecendo, assim, e, nas suas vicissitudes deixou-se embalar, aceitando-a como é, ou pelo contrário, fez com que assim passasse a ser, uma obstinação, de não querer enraizar-se em lugar algum, e, simultaneamente em todos, de uma só vez, desde, aquele dia, aquele momento, aquele instante, em que lhe arrancaram a raiz mais funda, algures datado num tempo humano, no ano de mil novecentos e setenta e cinco.
 
Viagem, uma palavra, sempre bem soada nos seus pensamentos, ao contrário do imobilismo, onde por vezes, amorficamente, se estatelava, e se deixava ficar, a engordar tecidos, ate quase rebentar. Mas, depois, vinham sempre as campainhas, os alarmes dos faróis, quais roncas em dia de nevoeiro, a mandar os seus avisos, e aí recomeçava a viagem, dentro de si, para fora de si, para fora de tudo, procurando, buscando de novo, o novo, ou, inclusivamente retomando algo que ficara pendente, em gestos ocultos, e ternuras escondidas, e palavras a medo mal titubeadas.
A melhor maneira é ir, sem parar para olhar para traz, correndo o risco de ficar a tal estatua de sal, perdendo de vez o passado, e não almejando nunca o futuro.
Filipe sabia isso, o seu destino era ir e então foi…
música: Bachianas Brasileiras-Heitor Villa Lobos
publicado por Jorge Santos às 01:26
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Quarta-feira, 8 de Outubro de 2008

AMOR

Muitas vezes ouvi muitas pessoas dizerem que o amor que tinham por alguém estava a morrer, ou, que estava a nascer um amor por outra pessoa. Não creio. Porque, penso simplesmente que o amor não nasce, assim como não morre. O amor está sempre dentro de cada um de nós. Nós é que o damos, ou retiramos, a determinada pessoa, em determinado momento da nossa vida. Carência de amor, não é apenas sentir a falta de quem nos ame, mas, principalmente, sentir a falta de alguém, a quem dar o que existe em nós.

Assim:

"Se o amor, em vez de ser, aquela alegria, aquela ansiedade, aquela dor, aquela intranquilidade, fosse algo de comprar e vender, em supermercados, em caixinhas, em frascos rotulados,  eu poderia, comprar ou vender, aquele que me falta, pelo que tenho em excesso. Mas sendo o amor algo de pedir e dar, dou aquele que tenho, mas o que me falta, não o peço."
                                                                Jorge Santos (meu pai)
música: O Lago dos Cisnes-Tchaikovsky
publicado por Jorge Santos às 15:32
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Segunda-feira, 6 de Outubro de 2008

CIDADANIA 2

Mais uma vez, venho alertar para uma situação totalmente lamentável e discriminatória, que só demonstra que uma cidadania digna exercida por todos, pode estar redigida em finíssimo papel de bela textura e caligrafia impecável, mas a realidade, o exercício livre e digno dessa mesma cidadania por alguns dos nossos cidadãos, que, não podendo se deslocar sem o auxilio de cadeiras de rodas, bengalas, ou muletas, o não são menos por esse facto.

Quero com isto falar, da estação de caminhos de ferro da CP General Torres localizada por baixo da AV. da República em Gaia e que constitui, ou deveria constituir o principal "interface" na articulação com a estação do metropolitano de superfície com o mesmo nome. É que por aquela linha de comboio, linha do norte, viajam milhares de cidadãos por dia entre Aveiro e Gaia, que depois utilizam a linha amarela do metropolitano de superfície, entre a estação D. João II e o hospital de S. João, que além do hospital que é, tem ao seu redor imensos edifícios pertencentes às várias faculdades assim como fica paredes meias com o IPO. mas usar a estação de General Torres por cidadãos com mobilidade reduzida ou mesmo por cidadãos com uma idade já avançada, torna-se complicado, senão mesmo impossível, como as fotos que vou mostrar a seguir demonstram.

Apreciem:

 

Aqui, podemos ver a estação de metro.

 

 

 

Aqui, podemos ver, a entrada para a estação da CP de General Torres e o começo das escadas.

 

 

As escadas continuam, intermináveis.

 

 

Chegando ao fundo das escadas, pasme-se, mais escadas para subir até à plataforma.

 

 

Ou em alternativa, uma rampa de acesso à referida plataforma, tão extensa e desnivelada, que só cidadãos com a preparação física dos nossos compatriotas que estiveram nos jogos para-olímpicos de Pequim, conseguiriam superar.

 

 

Tudo isto para chegar aqui, entrar e sair de um comboio suburbano.

De Salientar que esta estação não dispõe de elevadores.

   

música: Limelight Suite-Charlie Chaplin
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publicado por Jorge Santos às 02:33
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Quarta-feira, 1 de Outubro de 2008

GOSTO DOS MEUS ERROS

 

                                               "Gosto dos meus erros.

                                                                                                            Não renunciarei nunca,

                                                                                                            À liberdade maravilhosa,

                                                                                                            De me enganar."   

 

 

 

                                                                                                                Charlie Chaplin 

 

 

música: Limelighth-Charlie Chaplin
publicado por Jorge Santos às 07:00
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