POEMA EM LINHA RETA
( Paulo Autran declama Fernando Pessoa)
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos de moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Pra fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes na vida ...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Estava eu sossegado depois de um almoço de domingo em familia, sentado em frente ao computador a pesquisar "coisas" de Fernando Pessoa, quando me deparo, com um poema "a lenda" que ouvira há muitos anos em casa de um tio no Porto, da Maria Bethania. Não teria mais de dez anos, foi em 1975 e tinha-mos acabado de fazer a ponte aérea Luanda-Lisboa.Esse poema "a lenda" naquela voz da Bethania, com aquele fundo musical "até pensei" de Chico Buarque, ficou-me de tal maneira na memória, nos meus sentidos infantis, que marcou, posso-o afirmar, o inicio pela admiração por estas tres grandes pessoas. O Pessoa ele mesmo, a Bethania fabulosa e o Chico para mim o melhor compositor da MPB.
Como encontrei o poema e já tinha a musica da Bethania e por ser realmente um belo momento, aqui partilho no Conteudos.
A LENDA
Conta a lenda que dormia
Uma princesa encantada
A quem só despertaria
Um infante que viria
De além do muro da estrada
Ele tinha que ter tentado
Vencer o mal e o bem
Antes que já libertado
Deixasse o caminho errado
Por o que a princesa vem
A princesa adormecida
Assim espera, dormindo espera
Sonho em morte a sua vida
E orna-lhe a fronte esquecida
Verde uma grinalda de era
Longe o infante esforçado
Sem saber que intuito tem
Rompe o caminho enfadado
Ele dela ignorado
Ela pra ele ninguém
Mas cada um cumpre o destino
Ela dormindo encantada
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divíno
Que faz existir a estrada
E se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada afora e falso
Ele vem seguro
E vencendo estrada e muro
Chega onde em sonho ela mora
Inda tonto do que houvera
A cabeça em maresia
Ergue a mão e encontra a era
E vê que ele mesmo era
A princesa que dormia"
CACHUPA RICA
Ingredientes:
500g de frango
500g de carne de vaca de cozer
1 pé de porco
1 chouriço
1 morcela
1 farinheira
150g de toucinho
100g de banha
2 cebolas
3 dentes de alho
1 folha de louro
1 l de água, aproximadamente
0,5 l de milho
3 dl de feijão-pedra
3 dl de favona
4 folhas de couve portuguesa
300 g de batata doce
200g de abóbora
300 g de banana verde
1 ramo de salsa
sal e piripiri
Demolha-se o feijão e o milho. No dia seguinte, cozem-se. À parte, cozem-se as carnes e o toucinho. Noutro tacho cozem-se também as folhas da couve cortadas aos bocados, a abóbora em cubos e a banana às rodelas grossas. Leva-se um tacho ao lume com a banha, as cebolas e os dentes de alhos picados, a folha de louro e o ramo de salsa.
Logo que a cebola comece a ficar mole, misturam-se as carnes desossadas e cortadas ao bocados, e as hortaliças, tempera-se com piripiri e adiciona-se a água da cozedura das carnes e a água simples (para não ficar um caldo muito forte). Ferve um bocadinho em lume brando, para apurar.
Contribuição de: Ivonne Dias djahqueens@mail.telepac.pt
(TIRADO DO SITE PORTUGAL EM LINHA-GALERIA-SABORES-CABO VERDE)
Proponho-me, neste diário de viagem, ir relatando momentos vividos por mim e Lis ao longo do período por nós passado em Cabo Verde na Ilha Do Sal (21 a 28 de Junho de 2008). Com datas mas sem cronologia, vou escrevendo à medida que vou ou vamos nos recordando de momentos lá vividos, quer por textos, fotos, musicas, e até pequenos trechos de vídeos. E é assim que hoje escrevo sobre a nossa decisão de adoptar dois bebes, dois dias antes do nosso regresso!
Não se tratam de apenas bebes, mas sim de tartarugas bebes que escolhem as praias de Cabo Verde e principalmente as do Sal para aí depositarem os seus ovos, ate que estes ecludam e façam a sua caminhada até ao mar. Mas infelizmente muitas destas tartaruguinhas não chegam sequer a nascer devido ao descuido e também à maldade daqueles que acham que tudo é para ser usufruído a seu bel prazer! Foi o acaso que nos fez cruzar num passeio marítimo de que falarei noutra altura, com um grupo que criou um viveiro(foto acima) para tentar preservar o nascimento das tartaruguinhas e o futuro das espécies, sim, espécies, porque não se trata apenas de uma espécie, das seis espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo, cinco estão nas aguas de cabo verde. e foi assim que nos tornámos ou tornaremos a partir do dia 10 de Agosto os pais de um casal de tartaruguinhas que terão os nomes de Lucas e Inês, os nomes do nosso filho mais novo e neta mais nova!
Depois mostrarei fotos dos pequenos que a organização prometeu nos enviar por email e o mais importante: com este pequeno gesto demos uma pequena mas sincera contribuição financeira para que este projecto continue
Já cá estamos de volta trazendo um pedaço de Cabo Verde no coração, e com muita vontade de voltar! Num próximo Post Farei uma análise tão fiel quanto possível de tudo o que vimos, sentimos, cheiramos, comemos. O meu turismo sempre foi um turismo afastado dos Resorts com pulseirinha no pulso, tipo tudo incluído num gheto, e desta vez não fugiu à regra um hotelzinho simpático e acolhedor perto do centro e da praia e deambulações pelo coração do povo, o que realmente conta! Bem depois contarei mais do que vivemos na Ilha Do Sal
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