Não, não vou escrever sobre a humanidade antes e depois de Cristo.
Também não vou divagar sobre o percurso e importância histórica do heavy metal e de uma das suas bandas míticas na música contemporânea.
Refiro-me exactamente à noção de compromisso e a honra da palavra dada que passou a ter um valor quase banal em Portugal nos últimos vinte anos desde que surgiu o "celular", daí referir-me a este período de tempo como AC/DC (antes do celular e depois do celular).
Nada mais foi o mesmo no período DC, o celular ou telemóvel como por aqui chamamos, passou a orientar todos os movimentos na nossa existência humana, tudo passamos a fazer em função de uma chamada, de uma mensagem e mesmo através de toques quando não há saldo para mais, e o pior (finalmente cheguei lá) é que qualquer compromisso incumprido, qualquer atraso à hora marcada qualquer desculpa mais rota ou esfarrapada, passou a ser dada pelo celular, não com o tempo necessário a uma rectificação ou orientação do programado, mas exactamente cinco minutos antes...Ainda me lembro do tempo em que uma ida ao cinema, um jantar, uma ida à praia, era combinada pelo velhinho telefone fixo de casa ou mesmo na rua ou no café, e de como todos nos esforçávamos para cumprir, palavras, horários e atitudes. E resultou sempre, sempre tive as matinés exactamente com aqueles com quem combinara ir, os encontros na praia eram garantidos, no meio de dezenas de pessoas, encontrávamo-nos sempre, e, nunca ficou um lugar vazio na mesa ao jantar.