Segunda-feira, 11 de Agosto de 2008

FALTA-ME VER O FILME

Desde muito novo que gosto da companhia dos livros. Desde muito novo, habituei-me a ver livros em casas e em mãos de pessoas que gostava muito e que moravam nessas casas. Em casa dos meus pais, havia sempre um livro pousado em qualquer lado alem dos outros empoleirados na estante mas sempre naquele ordenamento espontâneo de quem o tira para ler e pousa. Pareciam ter vida.

Em casa dos meus avós a situação era muito idêntica, e recordo-me de serões, daqueles de Luanda onde não havia televisão, em que ficava fascinado e divertido a ver e ouvir meu avô ler-nos as partes que mais gostava do que no momento lia indo a sua narração até às lágrimas, fossem elas de riso ou de comoção pura. E mesmo antes de ter a capacidade de os ler, já lia títulos que sem saber explicar ficavam presos na minha memória, como:"capitães da areia"; "guerra e paz";; "por quem os sinos dobram";"os miseraveis";"os maias"; sem saber ainda sequer a história que contavam e por quem eram contadas.

Mas foi sem dúvida alguma esse hábito familiar que me fez iniciar as minhas leituras pelas histórias de "Enid Blyton" dos "cinco até aos "sete" e por aí fora os ivros quer fossem "de bolso" ou mais bem "compostos" fizeram parte das minhas companhias. Há sempre um livro em qualquer lado da casa, por ler, lido, relido ou a meio, daqueles que "emperram em determinado momento da narrativa e ficam a aguardar por melhores dias meus. Além dos livros, também sempre gostei muito de ver filmes de ir ao cinema e mesmo mais tarde de os visionar em cassetes video VHS e mais recentemente em DVD tendo já uma jeitosa videoteca domestica.

Devido a este meu gosto também por cinema, fiz o reconhecimento de um autor português que me faltava, José Saramago.

Até à quinze dias atraz nunca tinha conseguido ler Saramago, mesmo sabendo da qualidade literária que deveria ter, que nunca contestei, não conseguia lêr Saramago, e isto Porque a minha leitura, o meu encontro com Saramago tinha-se dado com o livro "A jangada de pedra" e... a jangada encalhou, tentava, tentava e não conseguia desencalhar a jangada e assim fui me conformando, pensando: Bem, não podemos ser todos iguais. Uns gostam outros não. É assim mesmo. E tentava arranjar argumentos a mim mesmo: Eu gosto de Lobo Antunes e outros não. Enfim é a vida. Mas certo dia, e voltando ao cinema soube que Saramago aceitara que Fernando Meireles fizesse um filme do seu livro "Ensaio sobre a cegueira" depois soube que o elenco do filme era muito do meu agrado com gente como Julianne moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Danny Glover e outros, como se tudo isto não bastasse soube, soubemos todos, foi publico, que Saramago gostara muito da adaptação cinematografica do seu livro cujo nome em ingles ficou "Blindness".

No dia em que eu e a minha companhaira fomos de férias a Cabo verde, enquanto faziamos horas no Parque das Nações pelo momento de levantarmos voo para o Sul compramos numa pequena feira do livro ali mesmo por baixo do cais do Oriente, tres livritos para as férias, bem dois, o terceiro era para ver se o nosso Lucas começava a ganhar gosto pela leitura com "as mil e uma noites. Os outros dois foram, um de Luis Sepulveda, "Encontro de amor num país em guerra" que li e deixei na ilha do sal para a biblioteca da escola local, e o outo foi, "Ensaio sobre a cegueira".

Quando regressámos , já a minha companheira tinha lido o "Ensaio sobre a segueira" e disse-me apenas: Lê o livro. E obedeci obedeci para nao mais parar num ritual sempre cadenciado, na meia hora de todos os dias de uma semana antes de dormir. Todo, li todo e reli algumas partes, achei simplesmente fantástico a forma como Saramago consegue desmontar desorganizar uma sociedade que repentinamente como se de uma epidemia se tratasse ia ficando privada da visão, não uma cegueira escura, mas como ele mesmo descreve, uma cegueira branca e leitosa os valores humanos todos repentinamente desfeitos e um pequeno grupo de cegos, ancorado,na unica pessoa que não foi atacada pela cegueira branca e leitosa.

Espero agora a estreia de "BLINDNESS" dizem que lá para setembro que irei ver com redobrada expectativa. Entretanto já vou pensando na leitura de "o ensaio sobre a lucidez". A "Jangada de pedra" ficará para já onde estava.

Encontrei no youtube uma apresentação de "blindness"  só para abrir o apetite.

 

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara".

 

  Livro dos conselhos  

publicado por Jorge Santos às 21:01
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